Tresloucada Alice
Alice no País das Maravilhas é o livro ideal para quem quer manter a mente aberta e dar asas à imaginação sem se importar com certo e errado, leis da física ou lógica.
Ao ler esse clássico de Lewis Carroll, podemos observar também o modo como a nossa mente resiste ao fato de o livro não ter como objetivo trazer alguma mensagem ou sentido. A história é toda ambientada em um lugar surreal, mas que ao mesmo tempo deixa pistas em referência a antiga Londres, seus personagens, hábitos e lugares. Em meio a uma conversa desconexa e outra encontramos frases brilhantes e nos pegamos pensando se realmente não existe um significado oculto para toda aquela bagunça.
Entre os trechos mais intrigantes cito o eterno chá do Chapeleiro, a Lebre de Março e o Leirão. O Chapeleiro conta a Alice que tentou matar o tempo, por isso, desentendeu-se com ele e informa estar preso num tempo onde é sempre a hora do chá... Há também as falas do grifo sobre a Falsa Tartaruga ao ser indagado sobre o por que de ela ser tão triste: - “É tudo fantasia dela, ela não tem pelo que se entristecer, sabe.” - Ou no lamento da Falsa Tartaruga ao lembrar que um dia foi uma tartaruga de verdade. Ou a conclusão do Gato de Cheshire em seu memorável diálogo com Alice: - “Mas eu não quero ficar entre gente maluca”, Alice retrucou. - “Oh, você não tem saída”, disse o Gato, “nós somos todos malucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.” - “Como você sabe que eu sou louca?”- perguntou Alice. - “Você deve ser”, afirmou o Gato, -“ou então não teria vindo para cá.”
É essa sensação, de que há algo a ser descoberto ou decifrado, que permeia toda a leitura e que, aliado a falta de regras e possibilidades quase infinitas, tornam esse romance infantil uma leitura obrigatória.
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